sábado, 28 de janeiro de 2012

MINHA TERRA, MINHA GENTE

O porquinho na engorda,
Azeite guardado na talha,
Couves crescendo na horta
E, o leite se coalha;

São preparos da vida,
Vivida no antigamente:
Modesta, bem sofrida,
A vida, da pobre gente!

Os proventos, eram obtidos,
À força de braço, cansado,
Em horários bem compridos,
Desde manhã ao sol deitado;

Na fazenda ou na serra,
A simples horta, ali ao lado...
Se buscava, na mãe-terra,
Do que se tinha semeado.

Nas águas da ribeira,
Periódicas grandes lavagens!
Era uma alegre brincadeira,
Tida como boa romagem;

Por ali, a roupa branca
Se punha ao sol, a corar;
No trabalho breve tranca
Estando a mesma a secar.

O regresso, em magote!
Burricos de boa ajuda,
Todos seguindo, no mesmo trote,
"Ai , que Deus me acuda"!

Lhes acudia, o Senhor,
Dando o pão de cada dia!
Após os esforços do labor,
A ceia, lá se servia.

Lume de chão, negra panela,
Fervia a sopa e o "conduto",
Juntos, na mesma gamela
Apenas um só usufruto!

A noite chega bem cedo
Quando o sol transpõe a serra;
Fazia parte do enredo,
A reza, que a fé encerra.

Percorridas, as ladaínhas,
Beijado o terço, com devoção,
Aquelas santas alminhas,
Davam por findo, o serão.

"Prá caminha! Vamos à deita"!
Luz fraca, a da candeia...
Cada um, acamado se ajeita,
Na manta que remedeia.

À Santa da devoção
Se dedicava festa anual;
Muita alegria e oração
Na capela ancestral.

Falar das bodas? Um regalo!
Eram, de alguma fartura;
Desde o cantar do galo,
Até à noite, já escura.

E, os dias eram passados
Sempre iguais, sem ambições;
Gente honrada sem pecados,
Não tem que pedir perdões!

Sendo tantos os sacrifícios,
Tantas as carências sentidas,
Não sei que Santos Ofícios,
Deram lonjura, áquelas vidas!

Porque está cheia de velhinhos,
A minha pequena aldeia,
Vão p'ra eles, os carinhos,
Destes versos...à mão cheia!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

SOU POETA DESDE MENINO

Em pequenino, fiz versos;
Ingénuos como eu e, dispersos,
Se perderam sem valimento.
Na juventude, conhecido o amor,
Renasceu a veia, com doce sabor
Pois tinha uma musa, como "alimento".

A saudade, por afastamento imperioso,
Trouxe as rimas de tom danoso;
Agressividade, de climas e distâncias,
Mais tristezas que desejadas alegrias,
Preencheram momentos de infindáveis dias,
Espaço de vida, suportada em ânsias.

Atingida a paz, serenada a alma,
Meus escritos se quedaram em calma.
Da rima, passei à prosa da vida:
Passo a passo, sacrifícios superados;
Filhos maiores, já encaminhados...
E, tranquilidade, julgada merecida.

Chegou, depois, a tal idade!...
A que tenho; me confere a vontade,
E, por ela me afirmar!
De procura, no realizar o meu gosto,
Sem querer ofender; a ninguém dar desgosto:
Escrever, escrever! Muito...sem parar!

É o que faço! Escritor compulsivo!
Para mim próprio, como em exclusivo!
Até um dia... e a mão tanto me doa,
Definitivamente, olhe com pena a caneta,
Vendo nela uma companhia já obsolêta;
Sentindo, no abandono, que minh'alma voa!...

Então, na minha existência, o reverso;
E, deixarei de escrever, o verso!...

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

RASCUNHO DA NOSSA HISTÓRIA - II

            Continuação,

Até à chegada do tal ditador!
De Economias, um certo doutor
Que à custa de "rédea apertada",
Impôs as leis, bem condicionadas:
Não há! Importações encerradas!
E entrámos, no ciclo da vida desgraçada!

Qual rebanho, algo tresmalhado,
Guiados à força bruta do cajado,

Lá seguimos, um rumo imposto.
Alinhavadas as contas, fomos vivendo...
LONGE DO MUNDO, A POBREZA ESCONDENDO
E, COM RAIVA, A MORDER O DESGOSTO.

Emigração; guerras d'África... e mais,
Aumentaram, o extenso coro de ais,
Até Abril, o desejado! Mês do engano;
Porque das promessas não passámos!
Na barreira dos medíocres nos quedámos!
A nódoa caíu em eventual bom pano.

Hoje, quem somos nós, afinal?
Pequeno recanto de seu nome, Portugal!...
Para muitos, um dos pobres periféricos,
Subjugado à globalização inventada
Pelos interesses da gula desenfreada,
Tornando-nos, "meros europeus pindéricos".

Este o meu país; Me perdoem os maus versos que dele fiz!

RASCUNHO DA NOSSA HISTÓRIA

Nas brumas do Passado,
Povo rude e esforçado,

Construíu, a braço, pequeno país.
No tempo que era de conquista,
O valor da coragem se regista
Em canhenhos, preservados de raíz.

Palmo a palmo, se ganhou terra,
Na dura e constante guerra,
Contra fronteiros ou mouros irados.
A História, aumentou de volume
E, os feitos vieram a lume;
Sendo pequenos, por muitos louvados.

À indiscutível força da bravura,
Faltou-nos, o incentivo da Cultura.
Continuámos rudes porque serranos;
Evolução pouco ou nada compensadora,
Fomos uma Nação algo esbanjadora,
Da riqueza conseguida por antanhos.

Pelo Império se dilatou a Fé!
Rezam as crónicas que assim é.
Outros interesses, gerados pela cobiça
No alargar fronteiras, além-mar;
E epopeias de muito espantar,
Dum povo isento, de mole preguiça.

Depois, foi o que viu;
Monarquia, presa por um fio!...
República implantada e desfeita,
Num corropio do alcançar Poder;
Cada um e todos, com fraco saber;
Pátria lazarenta na sua maleita!
            
            Continua

ANO DE 2012

2012 - ANO EUROPEU DO ENVELHECIMENTO ATIVO
            E SOLIDARIEDADE ENTRE GERAÇÕES.

2012, este é o nosso ano;
Dos que enfrentam o dano,
Com passividade e sem resignações!
Ativos e solidários com terceiros,
No mesmo trilho de caminheiros,
Tecendo, um entrelaçar de corações.

Neste espaço do nosso tempo,
Exigimos, se faça a contento.
O que merecemos, por direito:
Respeito, compreensão e ajuda;
Nas aflições, alguém nos acuda!
E, com amor; um plano perfeito!...

Nos seja garantido, o que temos;
Por isso lutámos; nada devemos!
Não busquem em nós a solução,
Dos tantos problemas mal resolvidos;
Se das benesses somos esquecidos,
Deixem ficar intacto, o nosso quinhão.

E, haja saúde bem acompanhada;
Se hoje nos consideram, pouco ou nada,
Ergamos bengalas, muletas e canadianas
Ou quem puder, bata firmemente, o pé!
Velhos? Nem sabemos o que isso é!...
Idosos, sim! A quem tu, velhaco, não enganas!

CARTA DE UM SERVO AO SEU SENHOR

Meu Senhor e Amo,
Aceitai o meu desengano,
No conhecer da vossa desgraça!
Vós que tão pouco amealhais,
Dos impostos a que te sujeitais,
Como a plebe, da nossa praça!

Conferi os cobres, meu Senhor
E, vos digo, com muita dor,
Tão exíguos eles são!
Comparados aos vossos, de 30 dias,
Eu passo um ano de arrelias,
Para garantir, o meu pão!

Mas não me queixo; por saber
Que outros, menos irão receber.
É assim a vida, desde Cristo;
Adeus Mundo, cada vez pior!...
Olhe! Deixe-se desse seu clamor!
Pareceu mal...e, o registo!

domingo, 22 de janeiro de 2012

HISTÓRIA DA MINHA VIDA

QUEM SOU:

Fui registado, Silvério Dias,
Um fazedor de poesias,
Simples como eu!
Não pretendo ganhar o céu!

Sou beirão da serra,
Com o bom que tal encerra;
Vim para a Grande Cidade
Em menino de tenra idade;

Homem bem cedo,
Na vida sem medo,
Tive bons e maus momentos;
Alegrias e alguns lamentos.

Virtudes (muitas) ganhei,
Na vida militar que abracei;
Por ela, andei na luta
Inglória, de má disputa.

Do Ultramar, reza a História,
Me ficará na memória!
Liberto, por vontade própria,
Procurei nova "paróquia".

Outra profissão: Cavaleiro Andante!
Hoje aqui, amanhã distante,
Me fez conhecer Portugal;
De pequeno e, tão desigual!

Adorei, todo o percurso
Mas não tive outro recurso!...
A idade não perdoa;
Deixei de correr, à toa!

Hoje, sentado na minha tropeça,
Permita Deus que Lhe peça:
Dai-me saúde, bem merecida
Pelo muito que fiz, nesta vida!

AS 4 ESTAÇÕES

Há sempre uma Primavera,
Na nossa vida
Que se espera
Para ser vivida;
Também, o Verão quente
Que se deseja!
Nos contente
Quando se almeja,
O seguinte Outono;
Ele virá,
Como um novo dono;
E chorará,
As chuvas da invernia,
Dando início,
À minha arrelia!

VOS PEÇO

Meu Deus! Vos peço
Se é que mereço:
Dai lucidez à minha mente;
Firmeza na mão destra
Com a qual escrevo! Esta!
E, possa lançar a semente:

Da minha escrita singela
Poder dizer, a vida é bela!
Dar a outros, a palavra encontrada
Do que tenho e sempre quiz
E, ficar alegre porque o fiz,
Sentindo, a alma lavada!

PENSÕES DE MISÉRIA

Ilustre Senhor Presidente;
Vª.Exª., põe-me doente,
Ao saber da sua desgraça!
Julgava-o, um ser idóneo!...
Afinal, possuído pelo demónio,
A vida fez-lhe negaça;

O demo a que me refiro,
É um ladrão do que aufiro:
A minha modesta pensão!
Saber neste momento, nesta hora
Que Vª.Exª., também se chora,
Tenho partido, o coração!...

Somos dois filhos da má sina;
Veja, o que o futuro nos destina!
Mas descanse! Conte sempre comigo;
E, respeitosamente, me permita,
Convidá-lo, a partilhar da minha marmita,
Gesto solidário, de bom amigo.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

REGRESSO ÀS CAVERNAS

Pelo andar da carruagem,
O Homem, na sua viagem,
Está a andar para trás!
Maus hábitos adquiridos,
Vícios agora obtidos
E, atitudes muito más.

É o regresso ao passado
Ou cantar de triste fado
Que nos torna, animalescos.
Longe vai o tempo
Em que todos, a contento,
Éramos, lavados e frescos.

Hoje, se eriçam os cabelos,
No corpo, rapam os pêlos
Para ficar, quais "donzelos"!
Brinquinhos ou argolas, nos "abanos",
Arganéis, ditos "piercings", causam danos
E, ao olhar-se... se julgam belos!

Para a beleza ficar à vista,
Pinturas, dignas de artista,
Cobrem-lhe todo o "cabedal";
Se chamam de tatuagens,
Aquelas belas imagens,
Do protótipo; deste animal.

A completar, tal macacada,
Roupagem, atual e declarada,
Que não lembra ao diabo:
Calças rôtas, no fundo do traseiro,
Capuz, a encobrir o parceiro...
E temos o bicho formatado:

O do Homem do século XXI;
Como ele, não há nenhum,
Mais ridículo, badalhoco e convencido,
De que é o maior da fita,
Pelo tanto que se arrebita!
Mas não passa, de introvertido!

       No que aprouver, se aplique também `Mulher..

SOMOS LIXO?

Portugal, é lixo?
Pego no meu crucifixo
Para gritar indignação!
E peço perdão a Deus;
Mas culpo os fariseus
E, a sua governação.

Eles sim, serão estrumeira
Pela incapacitada maneira
Como gerem os nossos destinos;
Fiquem-se pois, com tal ferrete;
Tentem minimizar, o "pivete",
Curando-se, dos seus desatinos.

domingo, 15 de janeiro de 2012

MEU IRMÃO AFRICANO

Nasceu, em bairro problemático,
De família com perfil errático.
Menino de rua; um mau fruto,
Deste Mundo em que vivemos.
Cresceu, com o ferrete de sinal menos
E, as qualidades ignoradas, em bruto.

Bola trapeira, primeiro e único brinquedo;
Sem amor à Escola; não fazia segredo.
Em esperteza natural se afirmava:
Pequenos delitos; vida vazia, preguiçosa!
No seio do clã, a vadiagem caprichosa,
Deu-lhe título: "Good boy da Pesada"!

O puxar pelo charro para se afirmar,
Valeu-lhe vómito; não podia evitar...
Estava em jogo, o seu lugar de chefia.
Encabeça a claque dum clube glorioso;
Cachecol, bandeira, gorro bem vistoso
Com as cores do seu time de fantasia.

A primeira condenação; Inevitável e prevista:
Esquema mal montado, deu na vista.
Sem recurso, a sombra escura da prisão.
Pena bem dura, proporcional ao crime.
Aí, o "meu irmão africano", foi sublime!
No seio da promíscuidade, viu a redenção.

Companheiro de cela, o "Beto Melodias",
Tocava viola, a preceito, todos os dias.
Os dois, lentamente, como que a brincar,
Foram trateleando temas conhecidos.
De tão perfeitos, começaram a ser aplaudidos,
Por toda a cadeia, após o jantar.

Em momento duma data recente,
Houve uma reportagem com a TV presente.
Aí, a dupla ultrapassou o já esperado.
Afinados; ritmo intenso; dois artistas!
Claro! Ficaram logo marcados! Deram nas vistas!
E mais! Com contrato firmado!...

Poderia prosseguir esta estória virtual;
Em verdade, tudo é possível neste Portugal.
Nem só misérias, racismos, descriminações.
Há também, os desfavorecidos mas recuperáveis.
Podem nascer vazios e crescer prestáveis!
Assim o queiramos, com as melhores intenções!

Resta esclarecer:
A dupla, cumprui a pena;
Sairam, de consciência serena.
Entraram, no mundo dos concertos.
Brilhantes! São aplaudidos por aí...
Nós, sonhámos...e, ficamos por aqui,
Pensando: - Tudo é viável...com acêrtos!

sábado, 14 de janeiro de 2012

ASSIM ME CONFESSO

Ao olhar para dentro de mim,
Vejo, um coração grande e sensível;
Pensamentos intensos, sem fim...
Em mente, sonhando o impossível!

Resisto à dor e não me queixo;
Sou forte, onde as fraquezas moram
Mas bem fraco, quando o desleixo
Me apresenta crianças que choram;

Náo resisto, ao choro de criança
Ou de velho, solitário em abandono;
Acho ser dever, transmitir esperança,
Tal como afagar um cão sem dono.

Ao olhar para dentro de mim,
Sinto o desejo puro, bem humano
De querer ser muito mais: assim!!!
E poder agir, como o bom samaritano;

Aquele que retribui, sorrindo,
Com bem, o mal e a injustiça
E, perdoa, porque é domingo
E nesse dia, é dia de missa!

Ao olhar para dentro de mim,
Bem cá no fundo, do meu ser...
Sinto uma tristeza sem fim:
Porque não sou... apenas vivo a querer!...

SOMOS LIXO

Sinto vergonha de mim!
Sou lixo; sinto-me feio!...
Ao tempo do "sabão clarim",
Era fácil, o remedeio;

Mas agora, "pia mais fino"!
A sujeira, é-nos imposta,
Pelas Agencias do desatino;
Somos tidos, pior que bosta!

E, sendo também periféricos,
Seja lá o que isso for,
Consideram-nos como pindéricos,
Gente reles, sem valor...

Se não andasse atarefado,
Lhes diria, taco-a-taco,
Em correio azul, registado:
              -Pobre sim! Mas lavado com "sabão macaco"!

TRISTES FIGURAS

Ontem, uma figura aberrante,
No seu imponente turbante,
Foi, ao Tribunal de Famalicão;
Conde sem condado; híbrido duvidoso,
No seu todo, mais que piroso,
Respondia a quesitos, duma questão.

A seu lado, em triste figura,
Uma outra, jurássica criatura,
Completa o par do nosso espanto.
Será possível, aceitar tanto desaforo?
Onde param a decência e o decoro?
Chegar tão baixo! Assim... tanto?!...

E, pasme-se! A plateia, aplaudiu,
Aquele ser que um dia alguém pariu!
Bem merecia, o aborto provocado.
Na prova indesmentível de loucura,
Este Mundo, de reles, já não tem cura!
Deus me perdoe se cometo pecado!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

PROVÉRBIOS ENQUADRADOS

A abelha-mestra não tem sesta
Trabalha duramente na colmeia
E quando o seu mel se cresta
O labor não a premeia.

A açorda faz a mulher gorda
A dieta pouco alimenta
Melhor é comê-la toda
Pelo muito que sustenta.

A água corre para o mar
E enche o que está cheio
Melhor a seria guardar
Para regas do que semeio.

A alegria é a saúde da alma
Gargalhada música aos sentidos
Um por do sol me acalma
Naqueles dias bem mexidos.

A aranha vive do que tece
É na teia que ela vive
Muita gente empobresse
Quando ao trabalho se esquive.

A bondade é a força dos fracos
Mas dos fracos não reza a História
Parte-se a bilha em cacos
Se não me foge a memória.

A acção é filha do pensamento
Se pensas logo existes
E aproveita o momento
Não vivas a vida dos tristes.

CICLO DA DESGRAÇA

Entrámos, no ciclo da decadência:
Falências, desempregos, incumprimentos;
Despedimentos forçados, por indecência
De patrões gananciosos, sem sentimentos;

Famílias inteiras sem trabalho;
Aqueles que não procuram emprego
Mas antes, o labor que lhe dê ganho
Para sustentar os seus, em sossego.

Sem reagir, os governantes, passivos
Nada fazem para reavivar a esperança.
Não haverá processo de manter activos,
Os forçados inúteis, desta mudança?

Promova-se, o grande debate nacional:
"Criar Trabalho", lema forte e imperioso!
Saber ouvir, tudo e todos, de modo racional
Ou o nosso futuro, triste, passará a penoso.

A preguiça forçada, é má companheira!
Conduz aos vícios, à moleza corporal.
Vejam senhores! Curem a vossa cegueira!
Ponham a produzir, este nosso Portugal!

CORTES SALARIAIS

...e outras injustiças que tais!...


No Banco de Portugal,
Os funcionários, eleitos,
Não sofrem, do nosso mal;
Recebem tudo, sem defeitos;

Outros há, também bancários,
A quem é aplicado "corte";
Serão estes, mais "otários"?
Não! Nasceram com má sorte!

A chamada, "Sorte Macaca",
De terem nascido portugueses!
Neste mísero país de "caca",
Gerido por inúteis "malteses".

Não, os naturais de Malta!
Esses, já nos superaram;
Mas os nossos, em que resssalta,
A má política que usaram!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O MAESTRO

São dignos de registos,
Os gestos, dos nossos Ministros.
Aquele, Primeiro que se foi,
"Batia p...", a duas mãos,
Nos dizeres, dirigidos aos cristãos;
Outro, imitava cornitos de boi.

Atualmente, nas mesmas "selvas",
Há um, dos mesmos "melgas"
Que, qual maestro inspirado,
Faz da mão direita, batuta,
Na sua política, "filha de p..."
E, deixa o povinho, lixado!

SEXTILHAS - AO MOMENTO

Agora, a discussão sobe de tom:
Ser ou não ser, ilustre maçon!

Daqueles, dos esquisitos rituais
Com pouco que fazer ou nada,
Se juntam p'ra "cozinhar a caldeirada"
E, para tal, vestem os aventais!...

No ex-Ministério da nossa (in)Justiça,
Ninguém se alimentava de vulgar chouriça!
Era só do bom e melhor, p'rá frente!...
Triste país, das tremendas maldades,
Onde prevalecem tantas desigualdades:
Da mirrada pança, ao bem nutrido ventre!

Entrei na vida, em sofrimento;
Quero deixá-la sem um lamento.
Tive muito, daquilo que quiz;
Porque amei e fui amado,
Quero aqui deixar recado:
Vou embora, mas vou feliz!

DEVAGAR, DEVAGARINHO

Sonha mas de mansinho,
O sonho que tens p'ra sonhar!...
Segue teu rumo, devagarinho;
Ao correr, podes tropeçar.

Preenche, só os teus espaços,
Onde possas respirar;
Vence as distâncias, a passos,
No teu firme caminhar.

Lá chegarás, acredita!
Feliz porque o conseguiste!
Terás, uma vida bendita,
Com o bem que te assiste.

A MATILHA

Apesar da raiva e da revolta,
Os cães, continuam à solta,
Uivando as suas razões!
Sem açaime, mordem as canelas;
Dão aos pobres, maiores mazelas,
A juntar, às de outras ocasiões.

E, porque delas se faz ladrão,
Tudo abocanha, o voraz cão!
Até quando, suportar a matilha?
Será eterno, este nosso desatino,
Ou virá alguém a mudar o destino
Que nos mantém nesta armadilha?

TRATAMENTO DIVERSIFICADO

Em Época Natalícia:

Por excesso e por defeito,
Avalio, a quente, ao meu jeito,
Dois casos algo similares:
Dum lado, o célebre "Pantera",
Jogador antigo, da alta esfera,
Submetido a cuidados hospitalares;

Do outro, um ser de nome, António;
Cidadão comum; simples anónimo.
Áquele, os desvelos, em excesso;
A este, o abandono numa maca;
Na indiferença, à morte não escapa!
E, por Deus, fiquei possesso!

No mesmo momento, de Festa,
De dois humanos, só um resta!
O tal, porque "Rei" e glória antiga,
Se noticia em irritante persistência;
Já o pobre Tó, se fina, por negligência!...
Senhores! O que querem que lhes diga?!

Para memória futura, em 3Janeiro2012

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A ALGUÉM QUE NOS DEIXOU

...chamado por Deus,
Um homem bom subiu aos céus
Para ocupar lugar dos eleitos;
Viveu simples; assim nos deixou!
No muito que proporcionou,
Fica, a recordação dos feitos!

Foram tantos e, desinteressados,
Tão boamente prestados,
Num conceito de comunidade.
Nesta verdade que o dizer encerra,
O António, rezará por nós, cá na Terra!
Deus, no céu, lhe fará a vontade.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

UM SÍMBOLO BEIRÃO

MESTRE, MANUEL CARGALEIRO

Nasceu, num mês de "tarde verâo",
Em humilde aldeia beirã.
Na simplicidade, de então,
E, no todo, de estatura meã.

Nesse seu nascer de menino
Rodeado de flores e ervas,
Deus lhe segredou o Destino,
Longe daquele Chão das Servas.

Pelo mando divino se apartou;
Levado pelos seus, navas paragens.
Da Grande Cidade se alheou;
Além do Tejo, as outras margens.

Ali, o menino se fez jovem;
Às brincadeiras, juntou o saber
Que define e forma o Homem!
E, podia! Mas doutor, não quiz ser!

Tinha já definida uma rota;
As Artes, estavam em si, a fluir.
Tímidamente, em terracota,
As peças começaram a surgir.

Naturalmente, o talento aumenta;
Tanto se eleva que por asfixia,
Deste pequeno país, se ausenta,
Buscando, inspiração de mais-valia.

Obtida, nasce produção vasta,
Dispersa nos continentes da Terra;
Mas nunca, da humildade se afasta,
Virtude que um beirão encerra.

E, no imenso ardor produtivo,
Misturando, cerâmicas e tintas,
Atingiu, lugar alto e cativo,
Com obras únicas, bem distintas!

Manuel, o português, se identifica,
No passaporte aberto ao Mundo inteiro!
Assinando, para quem o glorifica
Se dá a conhecer, como: Cargaleiro!

Pintor das mil cores, ceramista,
Adorador do azul de Portugal,
É hoje, Mestre, Laureado Artista,
O que coloco, neste "meu pedestal"!

O TEJO DA MINHA INFÂNCIA

Meu-Tejo, outrora tão nobre
Em apressada e, selvática "correnteza",
És hoje, oprimido e pobre,
Roubada te foi, a maior beleza:

Das águas límpidas em movimento,
Correndo ao encontro de final destino
E, desaguar, em ritmo mais lento,
No mar que te acolhia, como seu menino.

Conheci-te, na época da minha infância,
Ali, na curva da Alagada,
No tempo de alguma abundância,
Quando a terra era ainda trabalhada;

E, desse labor, nascia o grão;
Centeio dos pobres, trigo de abastados.
Resumindo, afinal o pão
Que a todos deixava saciados.

Algures, bem perto da Senhora,
Uma pequena azenha, laborava,
Tendo na tua corrente geradora,
A simples energia que bastava.

Dono e senhor dessa azenha,
Recordo-o, numa imagem só minha,
O avô Firmino - Deus o tenha!...
Aprumado, laborioso, envolto em farinha...

E, havia a barca de fundo chato,
Nêgra, com o pez da calafetagem,
A minha grande atração de gaiato,
Na travessia prá outra margem.

O lanço do tremalho,
Trazia barbos de sobejo;
Era esforço sempre ganho,
Nas sopas, temperadas com poejo.

E, mais recordo ainda;
Apesar dos anos já vividos,
O relembrar só nos finda,
Nos momentos mais sofridos;

Lembro, o coaxar em vários tons,
Das muitas rãs, ao desafio
E, dos insetos, com seus sons,
Todos, em sinfonia, à beira-rio.

E perfumes, espalhados pelo ar...
Do junco cortado e refrescante,
Como um tapete que ao pisar,
Dava boas-vindas, ao visitante.

Este Meu-Tejo, pertence ao Passado;
Distante mas não esquecido.
Hoje, entre barragens, emparedado,
Tem o seu ímpeto, contido.

Essa água da grande levada
Que no velho leito se acolhia,
É agora, tristemente, "perfumada",
Por ausência de vital tecnologia.


"Meu-Tejo"...
Ao que foste, já não tens regresso!
É assim que te vejo:
Sacrificado, em nome do Progresso!

domingo, 1 de janeiro de 2012

CHEGOU O ANO NOVO

...e o velho ano se finou!...
A este novo, que hoje se instalou,
Para ficar, em muitos dias,
Lhe peço; o suficiente, apenas!... 
Que sejam leves as nossas "penas",
Absorvidas, por múltiplas alegrias;

Que dê aos políticos, a clareza,
De avaliar quem vive em pobreza,
Compensando no remedeio, as injustiças;
E, se sirvam de exemplar conduta,
Pois além deles, há gente em dura luta!
Olvidar sim! Quem vive nas preguiças;

Que todos nós, maioria de comuns,
Lutêmos unidos contra falhas e jejuns,
Sabendo que, por tantos, temos a Força!
Elevar a voz bem alto, no momento,
Em que nos quizerem dar sofrimento,
Se injustificado! Que nada nos torça!


No instante em que ouço um Concerto,
Maravilhoso! De Viena e, do Ano Novo,
Vos deixo, por palavras, pequeno excêrto:
2012 - DÁ TUDO BOM A ESTE POVO!