para pegar no cajado
era missão da criatura
nado pobre, pobre criado.
Pastor, a sua profissão
Na lista dos trabalhos ao tempo,
Forma de ganhar o pão
Garante do seu sustento.
Bem numerosa a cabrada
Saindo dos currais, a caminho.
Sol a despertar em alvorada,
Chocalhos tocando em desalinho.
Longa a distância do prado,
Trilhos e carreiros serranos.
Cansado da vida, já gasto
Remoendo pensares e danos ...
Espalha-se o gado no espaço,
Serra abaixo, serra acima,
A seu lado sem mostrar cansaço,
O cão fiel, a ele se arrima.
Depois, deixar passar o tempo
Sentindo o tempo a passar
Mas normal, como o lamento,
De ele passar ... tão devagar.
Iguais os dias, meses a fio.
No traje, surrobeco ou burel
Manta ao ombro, protege do frio.
Safões, rústicos de rija pele.
No tarro, a manja frugal:
Pão, queijo e azeitonas curtidas.
Água das fontes, bebida natural
Que mais, para pobres vidas?...
Analfabeto como a maioria.
A escola era só imaginada.
Mas alguns por teimosia
Por si aprendiam e até a tabuada.
O pastor de que estou falando
Não era o dono da cabrada.
Trabalha para todos, a mando
Com jorna paga e contratada.
Interessante, uma referência
Ao que assisti no passado.
No regresso à residência
O dispersar de todo o gado.
Ordeiramente, cada conjunto
Separava-se dos demais.
E seguiam, todos por junto
Aos seus respectivos currais.
Ficando só, o humilde pastor
Levando a seu lado, o fiel Piloto,
Lá seguiam ambos, ao sabor
Da ceia que se sentia no goto.
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