segunda-feira, 3 de outubro de 2022

EM TEMPO DE ESPERA

Fiz quadras enquanto esperei,

dez na sua totalidade.

Nada perdi, até ganhei,

essa, a grande verdade.


Faço versos d'assentada

sem muito ter que pensar

e é, através da quadra

que mais gosto de rimar.


Jamais estarei parado,

a menos quando morrer

e mesmo estando cansado

ainda me sinto a mexer.


Passo a passo na distância

lá vou seguindo caminho

e mesmo com relutância,

hei-de chegar e sozinho.


Quando o vagar me sobra

desato a fazer quadras.

Terão pouco valor como obra

mas as retenho guardadas.


O Sol brilha ao nascer

para aquecer durante o dia

e já no seu escurecer

ainda mantém a magia.


Sofro de ansiedade

desejando o que não tenho

por falta de qualidade

ou mau jeito no desempenho.


Os males não comparáveis

a outros que são piores

chegam a ser louváveis

apasar das tantas dores.


As longas horas que passo

em profunda meditação

são a prova que pouco faço

mas essa não é a questão.


O mundo anda ás avessas

sem um rumo apetecível

e por portas e travessas

se esvai num mal incrível.


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