Fiz quadras enquanto esperei,
dez na sua totalidade.
Nada perdi, até ganhei,
essa, a grande verdade.
Faço versos d'assentada
sem muito ter que pensar
e é, através da quadra
que mais gosto de rimar.
Jamais estarei parado,
a menos quando morrer
e mesmo estando cansado
ainda me sinto a mexer.
Passo a passo na distância
lá vou seguindo caminho
e mesmo com relutância,
hei-de chegar e sozinho.
Quando o vagar me sobra
desato a fazer quadras.
Terão pouco valor como obra
mas as retenho guardadas.
O Sol brilha ao nascer
para aquecer durante o dia
e já no seu escurecer
ainda mantém a magia.
Sofro de ansiedade
desejando o que não tenho
por falta de qualidade
ou mau jeito no desempenho.
Os males não comparáveis
a outros que são piores
chegam a ser louváveis
apasar das tantas dores.
As longas horas que passo
em profunda meditação
são a prova que pouco faço
mas essa não é a questão.
O mundo anda ás avessas
sem um rumo apetecível
e por portas e travessas
se esvai num mal incrível.
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