segunda-feira, 10 de julho de 2023

NESTE LUGAR ONDE VIVO

CONSTA EM ANTIGO REGISTO

QUE HÁ 3.000 ANOS ANTES DE CRISTO,

UM PRIMITIVO POVO AQUI VIVEU,

DECERTO, EM CONDIÇÕES EXCELENTES

PROPORCIONADAS A TAIS GENTES.

E ASSIM, O CASTRO NASCEU...


Morar como numa aldeia,

Com toda a simplicidade,

Aqui mesmo em Leceia

Mas perto de Lisboa cidade,

Privilégio consensual

De que beneficio e bem,

Num modo tão natural

Pela dádiva que se obtém. 

Foi por mera caualidade

Que aqui fixei residência. 

De princípio, a dificuldade. 

Acreditem! Ia perdendo a paciência. 

Voltando atrás, muitos anos,

Em verso vos direi,

O acumular dos desenganos

Dos  momentos que passei:

Faltas de água constantes,

Muitos cortes na electricidade 

E os telefones nesses instantes?

Grande piada, na verdade.

Ligar à rede a Barcarena

Na hora das telenovelas,

Irritava a alma mais serena.

Telefonistas? Onde estavam elas?

E o vento tão vulgar na zona?

Vindo eu de clima tropical

E aqui, andava tudo numa fona

Em jeito de vendaval...

Também o aterro de Vila Fria

Até à selagem final,

Era permanente agonia

No seu cheirar, tão mal!

Habituei-me, com o tempo.

Dificuldades hoje vencidas,

Untrapassado o lamento,

Dessas precaridades vividas

Vos direi, sinceramente:

Sair desta Leceia adoptiva

Estará longe da minha mente.

Que muitos anos, por cá viva!


Pois, se da Beira sou um nativo,

Naturalmente Beirão, 

É em Leceia que vivo,

Leceiense, por adopção! 


Silvério Dias. 

"Poeta Residente"


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