quinta-feira, 10 de agosto de 2023

DENÚNCIA SEM OFENSA

 Fui à terra matar saudades.

Eram tantas as que tinha...

Admirei as novidades

Que não, as de Sarnadinha. 

Continua pobre e esquecida

A minha aldeia - natal

Mas bem enriquecida

Pelo seu povo. É natural.

Progresso, o vi na Vila.

Aí sim, bem evidente 

E por isso se perfila

Toda a sua boa gente.

Obras feitas ou em curso,

A causar admiração, 

Ao cabo de longo percurso

Naquele espaço Beirão. 

Sem exigências mas pedindo

A quem de direito e dever

Seria muito bem-vindo

O pouco que devemos merecer.

Mobiliário urbano 

De comodidade acertada.

O existente, é puro engano

Pouco vale, quase nada.

Rua Principal em calçada,

Acusa o trânsito intensivo

Dos veículos da pesada.

Danificaram-lhe o piso.

Já as ruas e travessas

Esquecidas de melhoras,

Provam estar às avessas

Do progresso. Em más horas.

Por experiência pessoal

Eu já velho e muito cansado

Denuncio, não levem a mal,

Os bancos em que estive sentado.

De ferro com largos espaços 

Nas travessas que os formatam,

Provocam dores e cansaços.

Sem conforto, só nos maçam.

Da fonte, já vos falei.

Ela é o maior bem.

Mas tão suja, como observei

Que má imagem lhe advém...

Senhores, nossos governantes 

Selam justos e imparciais.

Estamos pobres como antes.

Merecemos um pouco mais!


A visita breve que fiz

Proporcionou estes reparos.

Mas outros males de raiz

Decerto não serão raros...


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