quarta-feira, 16 de junho de 2021

VIVER DEPENDENTE

No tempo das Descobertas

Vivemos da Índia distante.

Com as portas do mar abertas

Cumprido o sonho d'Infante.


Na rota das raras especiarias

Pelo "mar nosso" ganhámos tempo.

Dinheiros das mais valias

Nos deram fama e alento.


Mais tarde foi o Brasil

Com boa "árvore das patacas",

A aumentar com muitos mil

Do que já vinha das Malacas.


Sempre a encher o rico saco.

Nem tenpo para contar bens.

Porém, despautério velhaco,

Reduziu a riqueza a vinténs.


Por legado dos antigos,

Do Ultramar, bons frutos.

Nas colónias, assim obtidos

Com modos, algo corruptos...


Lá deixámos, couro e cabelo,

Na exemplar descolonização.

Bom interesse nem vê-lo.

Antes, vergonha e humilhação.


Obras fantasiadas de fachada,

Sem préstimo, p'ra inglês ver,

Deram à Nação endividada

Imagem triste para esquecer.


Mau grado, a História repete,

Nova ajuda, vinda da Europa.

No presente, o mal se comete

Com nova e vulgar "tropa".


"Fandanga" no mal-dizer

Do depreciativo valimento.

O que vieram oferecer?

Estádios, auto-estradas e cimento!


Se falhou uma vez mais.

Não se investiu na Cultura,

Do Homem, Rei dos animais,

Por Deus, humana criatura.


Também de novo, viver à custa

Dos pobres, num senão

Gastos os recursos de forma injusta,

Tirados, do parco quinhão.


Oito séculos não vos bastaram

e mais sacrifícios nos cobraram?!


("Neste Lugar Onde Nasci")

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