No tempo das Descobertas
Vivemos da Índia distante.
Com as portas do mar abertas
Cumprido o sonho d'Infante.
Na rota das raras especiarias
Pelo "mar nosso" ganhámos tempo.
Dinheiros das mais valias
Nos deram fama e alento.
Mais tarde foi o Brasil
Com boa "árvore das patacas",
A aumentar com muitos mil
Do que já vinha das Malacas.
Sempre a encher o rico saco.
Nem tenpo para contar bens.
Porém, despautério velhaco,
Reduziu a riqueza a vinténs.
Por legado dos antigos,
Do Ultramar, bons frutos.
Nas colónias, assim obtidos
Com modos, algo corruptos...
Lá deixámos, couro e cabelo,
Na exemplar descolonização.
Bom interesse nem vê-lo.
Antes, vergonha e humilhação.
Obras fantasiadas de fachada,
Sem préstimo, p'ra inglês ver,
Deram à Nação endividada
Imagem triste para esquecer.
Mau grado, a História repete,
Nova ajuda, vinda da Europa.
No presente, o mal se comete
Com nova e vulgar "tropa".
"Fandanga" no mal-dizer
Do depreciativo valimento.
O que vieram oferecer?
Estádios, auto-estradas e cimento!
Se falhou uma vez mais.
Não se investiu na Cultura,
Do Homem, Rei dos animais,
Por Deus, humana criatura.
Também de novo, viver à custa
Dos pobres, num senão
Gastos os recursos de forma injusta,
Tirados, do parco quinhão.
Oito séculos não vos bastaram
e mais sacrifícios nos cobraram?!
("Neste Lugar Onde Nasci")
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