Uma senhora tão pintada
Sem decoro conveniente
Ao vê-la arrebitada
Até eu fico doente.
Exageros causam espanto
E pelo tanto exagerado
Até se perde o encanto
E se fica espantado.
Fui apanhar uns burriés
Estando a maré vazia
Mas só molhei os pés
Pois burriés não havia.
Uma mentira piedosa
Não deve ser castigada.
É por si tão generosa
E merece ser perdoada.
Quem muito fala, erra
No que tem a declarar
E aquele que tanto berra
Apetece mandar calar.
Antigamente na Beira
Havia mobiliário modesto
Como a celebre cantareira
Onde cabia todo o resto.
Vem tudo a talhe de foce
Para certo malandrim
Se burro lhe desse coice
Não nos falaria assim.
Quem espera desespera
Devagar se vai ao longe
Ao fim de longa espera
A paciência é de monge
Segue em frente com cuidado
Tem atenção às curvas
Pois quem anda alheado
Navega em águas turvas.
Estas modas tão modernas
Causam riso e espanto.
As tatuagens nas pernas
Para muitos são encanto.
Olha com olhos de ver
O que a Natureza oferece.
Mais vale ser que parecer
E um pobre tanto padece.
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