domingo, 9 de outubro de 2016

CANTILENA DE DOR E DE PENA

Minha aldeia é bem pobrezinha.
Tem por nome, Sarnadinha,
cuja origem desconheço.
Mas sei que ela foi meu berço,
pois lá nasci e por lá medrei
nos preceitos que eram de lei.
Nela, algumas ruas são quelhas
ladeadas de casas velhas
onde pouca gente já mora.
Muitos abalaram, foram embora
à procura de melhor vida.
Com a população restringida,
por aqui ninguém nasce
e a existência, essa faz-se,
trajando as vestes do luto,
emblema de pequeno grupo.
Mas tem, isso ninguém nega,
tanta água que nem a rega
consegue absorver, totalmente.
E a minha alma fica doente,
vendo que tamanha riqueza,
corre, corre tanto na certeza
de que se irá logo a perder...
Aquela água, tão boa para beber! ...
E não entendo a razão
como acontece este senão.
O tanto que se esvai em perda!
Haverá toscas cabeças de pedra,
que não conseguem encontrar,
 um simples modo de aproveitar
o que a Natureza oferece
e o Homem, simplesmente esquece?!

Meditai gentes do nosso lugar.
Não fiquem parados. Dá para meditar!
Haverá decerto uma maneira
que dignifique mais a nossa Beira.
Tratem de armazenar, hoje e agora,
o que poderá vir a faltar, na hora!

Outubro, 2016

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