sábado, 4 de outubro de 2014

AO TEMPO...

Era eu ainda um menino
E já brincava neste rio.
Comigo, o avô Firmino
Que tinha nele o desafio.

Dominar a água brava
Que a corrente trazia
E ele, com jeito a levava,
A realizar o seu dia.

Moer  sementes da terra,
As do trigo e as do centeio,
Práticas que o presente encerra.
Hoje, já só existe devaneio.

Do que era moer o pão,
Alimento por Deus criado.
Comia-se, após breve oração,
Com graças por tê-lo alcançado. 



Aqui brincava aos meninos
Nas margens, junça abundante.
Meus brinquedos, rãs e sapinhos
No seu debandar saltitante.

Agora, o Tejo está diferente.
Aprisionado entre barragens
Mais calmo, até indolente
No beijar das suas margens.

É cantado por ilustres senhores
Em jeito e modos de poesias.
Mas a ele, verdadeiros amores,
Os dou eu, desde tais dias!

Os dias da minha infância.
Já tão longe no tempo
Mas não na distância.
Pois o recordo, ao momento.




     







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