terça-feira, 29 de setembro de 2015

"SENTIR O RIO E VIVER A TERRA"

Louvo quem criou o mote
pela profundidade que encerra:

Eu sinto este rio, como o "meu Tejo"
Pertença que guardo desde criança.
Bem diferente hoje o vejo
Mas não o aparto da lembrança,

De como era e me fascinava
No seu correr em turbilhão
Quando ninguém o domava,
Tal fogoso e "destribado alazão".

Sustido a nascente em Espanha,
A jusante, Belver o domou.
E aqui, uma pequena azenha
Por águas paradas, se finou.

Com ela morreram os sonhos,
os que tinha, tantos e risonhos!...

Já da terra, pouco a dizer.
Era ainda menino e não sabia
Que com suor teria de se benzer
Para lhe extrair alguma valia.

Mas ouvia dos velhos o lamento,
Se a chuva era basta, ou o Estio
Lhes cerceava o desejado alimento.
A Natureza era sempre, desafio!

E tudo girava em órbita pequena,
À volta do azeite e do pão
Para que vida pobre mas serena
Tivesse em si, o preciso quinhão.

O rio, esse continuava a deslizar
Livre do abrir e fechar comportas.
Seu destino, sempre o mar,
Ultrapassadas as estreitas "Portas".


Gostaria de dizer, com brio,
em frase que uma verdade encerra:
Somos ricos! Temos um grande rio

e braços fortes para esventrar a serra,
bendizendo quem idealizou o mote:
"Sentir o Rio e Viver a Terra"!

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