terça-feira, 19 de janeiro de 2016

ACONTECEU EM JABADÁ

Tinha o nome, Maria Sexta-Feira,
a bajuda que tive como lavadeira
no chão balanta de Jabadá.
Figura gentil de "mama firmada",
normal na idade, generalizada...
Sem maldade no apodo que se dá.

Recordo o seu tímido acanhamento
quando em presença deste Sargento,
no lavar da roupa, a água e sabão.
Quando chegava, ficava estática,
olhando a fotografia emblemática
que tanto me aliviava na solidão:

A de minha mulher, em cabeceira,
no cubículo que de modesta maneira
era o "meu quarto", com tecto de zinco.
Olhando o tal retrato, a pequena Maria
extasiada, em sonhos de fantasia,
balbuciava - ainda hoje parece que sinto-

"Sinhora bonita"! Admiração plena
daquela figurinha tão pequena!
E olhando, passava a mão pela cabeça,
comparando a cabeleira loira, espessa,
com a sua carapinha de nascença.
Essa seria talvez, a grande diferença.

Frágil, muito gentil à sua maneira,
por nascer a uma sexta-feira,
teve tal acréscimo em apelido.
Era vulgar, tal procedimento.
Respeitei a Maria, sem atrevimento.
Que aqui fique...bem esclarecido!

E aconteceu, em Jabadá!

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