O desejado dia da matança
era, na sua prática corrente,
um dia de grande festança
a alegrar a nossa boa gente.
Menos ao reco, pobre coitado
que até parecia adivinhar,
estar prestes a ser condenado.
E que morto, ali iria ficar.
Ao homem da faca aguçada,
com largo saber adquirido,
estava dada a tarefa macabra,
a que punha um fim e sentido.
Dependurado o animal,
a enxuga de longa seca,
seguindo depois o ritual,
em trabalhos levados da breca!
O desmanchar, separando
todas as partes distintas
e o lume ir preparando,
para depois, nas sete quintas ...
As Marias, cá da nossa terra
na sua arte acumulada
que alguns segredos encerra,
davam mãos e, tarefa iniciada.
Encher, manualmente a tripa,
a dar lugar aos enchidos,
num maneio que dignifica
os velhos gestos adquiridos.
Um cheirinho a carne assada,
logo ali, no lume de chão,
a premiar na hora aprazada,
o início da boa degustação.
Vai um copinho a acompanhar ...
... as chouriças no fumeiro ...
Arrumo da tralha no seu lugar
e depois, apagar o braseiro.
Há que dar tempo ao tempo
para os presuntos em cura
que depois, bem a contento,
se lhes gabar, a "gostosura"!
E toucinhos na salgadeira
à boa moda da Beira!...
Assim era e continua,
nesta verdade, nua e crua!
Tal como foi, com muitas novidades,
a IV Matança da Junta de Freguesia
de Ródão, a cumprir, boa tradição!
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