Quando eu era menino
gostava de subir, serra acima,
num completo desatino,
dando à avó, a triste sina
das ralações sem motivo.
Queria-me, bem sossegado,
me sentisse seu cativo ...
bem por perto, a seu lado!
Eu, o "menino de Lisboa",
podia lá ficar quedo?
Queria sim, a coisa boa
de um constante folguedo!
Saltar como os cabritinhos
por entre conhos gigantescos,
serpentear pelos caminhos
com maneios bem lestos!...
Colher medronhos vermelhos,
de maduros, tão gostosos!
Nós, ingénuos rapazelhos,
desconhecendo efeitos gravosos,
a sentir tremer os joelhos.
Era a embrieguez do fruto,
e mais tarde vim a saber
que com esse belo produto,
a "medronheira" iria nascer.
O cansaço tão natural
pela prolongada estafa,
a juntar ao ralhete habitual,
que benévolo, logo passa ...
Dava fim a mais um dia
tão pleno de juvenil alegria,
passado em Sarnadinha.
por sorte, aldeia que é minha!
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