quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

METÁFORA

RIO MORTO - RIO POSTO

O rio Tejo, num sufoco
implora que o libertem,
neste mundo tão louco,
onde valores se pervertem.
Próximo de morte anunciada,
por incúria de alta esfera,
espuma nociva, acumulada
causa espanto e desespera ...
Inventam soluções várias
os homens que nada fizeram.
Têm agora, soluções primárias.
Pacientes, os humildes esperam ...
E nessa humildade, pensam.
Têm cabeça para pensar,
esperando, benévola bênção
e tudo se possa melhorar.
O rio, moribundo, lança um ai!
Age em desesperos derradeiros.
Tomando a voz, como pai,
ordena aos filhos, mesmo ribeiros:

"Juntai-vos a mim. Tenho sede!
Canalizai as vossas águas
para as minhas, na mesma rede.
Acabai com estas mágoas!"

Ouvindo tal lamento, o Ocreza,
ao chamamento de "seu pai",
abriu as comportas da represa
e a água do Alvito ... lá vai! ...

Do Alqueva, alguém chegou a dizer:
"Construam-me, porra!"
Da Barragem do Alvito, o fazer ...
Quem sabe, ainda ocorra!

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