Barriga a sentir fome
É um sinal de pobreza
Aquela que muito come
Tal não sente com certeza.
Ter a vida desgraçada
Sem saber qual o caminho?
Ser pobre é não ter nada
Nem um pouco de carinho.
Com Sol a fazer "pisca-pisca"
Tendo as nuvens de permeio
Qual o valente que arrisca
Dar o seu belo passeio?
Ter sido um importante
Com importância gorada
Faz-me crer que no instante
Veles pouco ou nada.
Na música sois maestros
Mas o gesto não é tudo
Apesar de muito dextros
Fazeis lembrar o "faz-tudo".
Uma essência de cravos
A perfumar nossas ruas,
Abafando os desagrados
Um vestir as almas nuas.
Todos se queixam por igual
Quem não fica afectado?
Só os ladrões de Portugal
Pelo que têm roubado.
Semeia e irás colher
O fruto do teu cansaço.
Também terás um bom comer.
Á fome morre o madraço.
Diziam, antigamente
Aquele que não "trabuca"
Mesmo tendo um bom dente
Decerto nada "manduca"
O tempo não vai de feição
Quero passear na rua
Libertar-me desta prisão
Poder contemplar a Lua.
É nas madrugadas
Quando o sono não vem
Que as tenho lembradas
Avó e a minha mãe.
Morte assim em rotina
Tão triste e vulgarizada?
A verdade nos ensina:
Não valemos mesmo nada.
Mártires do nosso País
Os que foram sem regresso
Em poesia simples quiz
Elogiá-los no verso
Sois campeões do gesto
Como forma de esconder
Pouco valho nada presto
Falo, sem nada dizer.
Mais uma crise a somar
A tantas que eu já vivi
Bem difíceis de suportar
Porque cedo assim nasci
No País dos "lambe-botas"
"Curvar a espinha" dá jeito
Quem tiver as contas tortas
As melhora no defeito.
Eu sou apenas como sou
E não sou como desejas
Do que tenho tudo te dou
Será pouco o que vejas?
Em cada estrela do céu
Mora um recém-nascido
Inocente que morreu
Sem a vida ter vivido
És o Antes e o Depois
O Presente e o Passado
Juntos estamos nós os dois
Neste amor não terminado.
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