quinta-feira, 30 de abril de 2020

"QUADRASTANTAS"

Entre burro e cavalo
Diferença na garupa.
Aquele, podes montá-lo
Este, carregas à bruta.

As contradições são tantas
Que nos obrigam a pensar
Mandante que nos espantas
Revê o modo de mandar.

Como foi possível matar
Homem como Jesus Cristo?
Não me canso de pensar
De pensar tanto nisto.

Ao defenderes o teu bem
Pensa também no dos outros
Por vezes quem muito detém
O pode perder aos poucos.

Harmonia na capoeira
Canta o galo no poleiro
E a galinha prazenteira
Põe ovos o ano inteiro.

Sinto ter sisdo usado
Para benefício d'alguém
E depois ser descartado
Prejudicando o meu bem.

Tudo fiz do que pediram
Com algum sacrifício
Para logo me "despedirem"
Do meu simples "ofício".

Quem semeia tantos ventos
Irá colher tempestades
Assim paga os lamentos
Das suas grandes maldades.

Em boa cama te deitas
Se tiver um bom colchão
E as pernas bem direitas.
Vê lá não caias ao chão.

A Ministra do Social
Defende o ministério
Com sorriso que por sinal
Deveria ser mais sério.

O amor que alguém sente
Lhe dará grande alegria
Coração bate contente
Com mais força, quem diria?

Alguém sentiu a surpreza
Dos infectados migrantes?
Ninguém de plena certeza.
Que dizem os governantes?

Já não é pessoa amiga
Nem me alimenta o ego
Pois então deixe que diga
Por mim também a renego.

Olhar giestas no campo
Ao chegar a Primavera
Só por si são um encanto
E a Natureza se esmera.

Estamos no mesmo barco
Mas em águas diferentes
Nós com rendimento parco
Vocês, sempre exigentes.

Neste compasso de espera
A que um mal nos obriga
A vida é só quimera
Pois mal pode ser vivida.

Antes que a vaca tussa
Ou o burro dê coice
Qualquer que seja a repulsa
Vem tudo a talhe de foice.

Noiva vestida de branco
E com filho na barriga
À ética gera pranto
E má língua incontida.

Ser como as peixeiras?
Só lhe falta a canastra.
Menina tenha maneiras
Ouvi-la? Coisa nefasta.

Estar parado não é p'ra mim
Mas o tão pouco que faço
Irá dar-me um triste fim
Hei-de morrer de cansaço.

Teus olhos verdes tão lindos
São lindos da cor do mar,
Por nós mesmo desavindos
Não os quero ver a chorar.



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