A rabiça do arado
Bem segura, à maneira
E fica o campo lavrado
Pronto p'rá sementeira.
Moleiro, na sua azenha
Moi o trigo e o centeio
E ainda o mais que venha,
Como milho, de permeio
Trata bem o teu porquinho
Na melhor das intenções.
Bom presunto e toucinho,
Os terás, às refeições.
Resineiro dos pinhais,
Tua vida era bem dura
N'outros tempos, ancestrais.
Agora, não tens procura.
Pescador das águas turvas
Lança o tresmalho, devagar.
Com águas assim, "tam ludras"
Nem peixe, há p'ra pescar.
Santos da mesma capela
Dividem esmolas entre si.
Comem todos da panela.
Não duvidem, bem os vi.
Se formosura mandasse
Em toda a causa e efeito
Você, com esse disfarce
Não seria, um eleito.
Menina da trança loira
E de corpinho bem feito
Na idade casadoira
Só quer, um noivo perfeito.
Somos todos Portugueses
Mas nem todos somos iguais
Uns comem como burgueses
Outros têm fome demais.
Qualquer mal que se suporta
Poderá ser precavido.
Bastará fechar a porta,
Deixar aberto, o postigo
Nas grandes calamidades
Há sempre o oportunista
Que se vale das maldades
Para nos roubar, à vista.
Para além da pandemia
Temos o pandemónio.
Aquilo que não se via,
Escondido pelo Demónio.
O drama do corte do IVA
Das nossas contas da luz?
A ideia não cativa
Nem por tão pouco os seduz
Um bem que foi alterado
Para situação pior
Terá de ser revogado
De repente e com rigor.
Sou do género, "deixa andar"
Quem sair, feche a porta.
Cada qual no seu caminhar
Nem que a estrada seja torta.
Após o mal ocorrer
Tentar rápida solução
Se eu tivesse de escolher
Pois teria essa opção.
Sem comentários:
Enviar um comentário