Quantos processos por julgar,
agurdam no pó das estantes
numa indiferença sem par
e, de consequências constantes?
Esquecidos, de passado distante
em miséria contemporânea
se constacta, apatia reinante
aliada a fraude consentânea.
Assim, de repente e sem escala,
alguns que temos na memória.
.
A corja dos autores, cala
mas ficarão para a história.
Estádios de futebol ao mosquêdo,
encargos asfixiantes,
muitos a gozar do folguêdo,
outros, aguentando, penantes.
Autoestradas de longas pistas,
a ladear campos sem culturas.
O tráfego, longe das vistas,
sem condutores nem penduras.
Arrancaram, oliveiras e vinhedos,
a troco de trinta dinheiros
como esbanjar de brinquedos
repetidos, tão useiros ...
Os arrastões de alto mar,
bacalhoeiros das Escandinávias,
como frotas a naufragar,
vistas do alto da gáveas.
Industrias texteis e dos aços
cada uma no seu desmontar
desfeitas em mil pedaços
sem motivo para orgulhar.
Edifícios de grande construção
sem bons motivos inerentes,
enriquecendo, no deitar a mão,
pagos por muitos inocentes.
Até onde chega a desgraça?
Por muito que ela atormente,
fica convosco a negaça.
Dai-lhe eco, conforme a mente.