CONSTA EM ANTIGO REGISTO
QUE HÁ 3.000 ANOS ANTES DE CRISTO,
UM PRIMITIVO POVO AQUI VIVEU,
DECERTO, EM CONDIÇÕES EXCELENTES
PROPORCIONADAS A TAIS GENTES.
E ASSIM, O CASTRO NASCEU...
Morar como numa aldeia,
Com toda a simplicidade,
Aqui mesmo em Leceia
Mas perto de Lisboa cidade,
Privilégio consensual
De que beneficio e bem,
Num modo tão natural
Pela dádiva que se obtém.
Foi por mera caualidade
Que aqui fixei residência.
De princípio, a dificuldade.
Acreditem! Ia perdendo a paciência.
Voltando atrás, muitos anos,
Em verso vos direi,
O acumular dos desenganos
Dos momentos que passei:
Faltas de água constantes,
Muitos cortes na electricidade
E os telefones nesses instantes?
Grande piada, na verdade.
Ligar à rede a Barcarena
Na hora das telenovelas,
Irritava a alma mais serena.
Telefonistas? Onde estavam elas?
E o vento tão vulgar na zona?
Vindo eu de clima tropical
E aqui, andava tudo numa fona
Em jeito de vendaval...
Também o aterro de Vila Fria
Até à selagem final,
Era permanente agonia
No seu cheirar, tão mal!
Habituei-me, com o tempo.
Dificuldades hoje vencidas,
Untrapassado o lamento,
Dessas precaridades vividas
Vos direi, sinceramente:
Sair desta Leceia adoptiva
Estará longe da minha mente.
Que muitos anos, por cá viva!
Pois, se da Beira sou um nativo,
Naturalmente Beirão,
É em Leceia que vivo,
Leceiense, por adopção!
Silvério Dias.
"Poeta Residente"