Em Sarnadinha tive berço.
Bem perto dele, um tropeço
Onde minha mãe se sentava
A embalar o seu menino."
"Dorme, dorme meu pequenino..."
Será que minha mãe me cantava?
"O papão vai-te embora
De cima deste telhado,
Deixa dormir o menino,
Um soninho descansado..."
Quem me cantaria assim,
Com voz doce de querubim?
Talvez a avó Conceição
Nos intervalos da sua lida,
Ou quem sabe, vizinha amiga,
Daquelas ali à mão?!...
Conjecturas próprias de velho
No elaborar do seu evangelho.
Um pretender voltar às origens
Agora que o fim se aproxima.
Sem medos, a alma se me anima,
Apesar do cansaço e das vertigens.
Neste volver se avivam as memórias.
Lembro, tantas das muitas histórias,
Vezes sem conta repetidas...
Hoje, porque passa o "Dia da Mãe",
Recordar a minha - grande bem -
É juntar de novo as nossas vidas.
E sei, isso eu sei e não esqueço,
Minha mãe, devota, rezava o terço.
Podia não cantar para me adormecer,
Mas pedia a Deus, em devoção,
Por quem, no berço, com sua benção,
Vencia os dias, desde o nascer.
4 de Maio - "Dia da Mãe"
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