Idealizo a neve que cai
Levemente, como no verso,
E o meu sonho não se esvai.
Quero tê-lo, não disperso,
A ele, o Natal antigo,
O meu Natal de criança.
Nunca o senti perdido,
Vive comigo na lembrança.
Cheiro intenso, o das filhós
No momento das frituras,
Arte mestra de tantas avós,
As mais benditas criaturas!
E a ceia? Benza-nos Deus!
Tão nossa, mesmo remediada...
A família com todos os seus,
Que bela tela, não pintada!
Tanta alegria! Tamanho o regalo!
No conchego, vinha a bonomia,
Até à hora da "Missa do Galo",
Imperdível, na noite fria.
Era encantamento prolongado,
Ver as chamas do madeiro,
Ardendo, além no largo,
E assiste, o povo inteiro.
Momento de muitas conversas,
Naquele aquecer do Menino.
Goelas, bem abertas,
Aguardente no copinho,...
A deita tardia, sem sono,
Ao sobressalto fazendo juz,
Pois no sapato, o seu regalo,
Tinha a prenda de Jesus!
Bendita e infantil quimera
Me faz aflorar um suspiro.
Voltar atrás, quem me dera!...
São recordações, o que respiro!
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