Três vezes nove, vinte sete
E mais um, são vinte e oito.
Se tivesse um canivete
Era homem bem afoito.
Quero viver, não me deixam
Por causa da pandemia.
Os meus sentidos se queixam
Num viver sem alegraia.
Os familiares sabem disso,
Os amigos não desconhecem.
Portanto, sem ser omisso,
Páscoa Feliz? Todos mereçem.
Tratam os idosos como pesos
Que lhes custam suportar
Mas estes, ainda tesos,
Muito têm para vos dar.
São as maleitas da idade
No conceito mais simplista.
Mas para além da realidade,
Muita verdade, não é vista.
O que será de mim
Quando um dia me faltares?
Lá por ser um homem ruím
E por isso me ralhares?
Por morrer uma andorinha
Fica mais vazio o ninho.
Também uma pobre velhinha
Sente a falta de carinho.
Nascem flores no meu jardim
Quando chega a Primavera
Elas florescem para mim.
Todo o ano? Quem me dera!
O nosso amor foi primeiro
Que nasceu na meninice.
Cresceu tanto e prazenteiro
Já atingiu, a velhice.
Como querem que acredite
Se até o álcool esgota?
Haja alguém que medite
E critique tal anedota.
Supranumerários, nós
Velhos? Tenham muita pena.
Apelamos a todos vós,
Mantenham, alma serena.
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