Nós somos tão diferentes
Do género dia e noite
Também irreverentes
A merecer um açoite.
Meu Deus quem me dera
Voltar a ser criança
Embuído na quimera
Sequioso de esperança.
Meu Deus se eu pudesse
Virar o mundo do avesso
Dar vida ao que fenece
Avaliar tudo a bom preço.
Meu Deus e porque não?
Tornar os homens iguais
Uns e outros sem distinção
Mas todos com sinal mais?
Quem vier feche a porta
Mas abra uma janela
Sentir a vida bem torta
Ela que era tão bela?
Chegou o sol finalmente
Alegrando a Primavera
Até ele por doente
Desanimou na espera.
Incutir no cidadão
O respeito por terceiros
Esta a melhor solução
Dada pelos conselheiros.
Sentado é que estou bem
Mas sentado nada faço
Logo portanto não convém
Até me chamam madraço.
Esse tal de pandemia
É mesmo um pandemónio
Pensar eu que algum dia
Haveria tal Demónio?!
Pela boca morre o peixe
Logo que seja pescado
Da fome ninguém se queixe
É só comê-lo assado.
Andei de candeia acesa
À procura do meu amor
Com a convicta certeza
Do seu elevado valor.
Sonhos que nascem e morrem
Sem deles tirar proveito
São tantos e me ocorrem
Logo assim que eu me deito.
A vida passa por mim
Eu em compasso de espera
Aguardo que chegue o tal fim
Voltar atrás? Quem me dera.
Na incerteza de um acto
Há que agir com cautela
Em gesto mais timorato
Salta a tampa da panela.
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