segunda-feira, 30 de maio de 2011

ADÁGIOS & QUADRAS

Não há sábado sem sol
Nem domingo sem preguiça
Como é bom comer pão mole
Bem servido de chouriça.

Pela boca morre o peixe
É um ditado popular
Antes que a fome me deixe
Vou já pô-lo a fritar.

A ocasião faz o ladrão
E neste Reino d'Ocasiões
Está explicada a razão
De haver tantos ladrões.

Burro carregado de livros é doutor
Diz a ironia sábia e popular
Subscrevo e apoio com muito fervor
Acrescentando, quero vê-los zurrar.

Quem tem capa sempre escapa
Seguindo o velho ditado
Comprei uma à socapa
E fiquei bem encapado.

Quem tem boca vai a Roma
Não sejas assim acanhada
Se algo há que se coma
Também não te faças rogada.

Era já noite cerrada
Dizia a mãe para o pai
Não creio estar enganada
O teu amor já lá vai.

Se queres ser bom morre
Inegável o povo o diz
É frase que sempre m'ocorre
Quando parte um infeliz.

O que o berço não dá
Salamanca não ensina
A verdade aqui está
Nesta frase pequenina.

Olhai os lírios no campo
É poesia já antiga
Vêde também o desencanto
A que crise nos obriga

Galinha gorda por pouco dinheiro
Desconfia sempre da fartura
Abastece antes o teu mealheiro
Deixa as Ruas da Amargura

Quem tudo quer tudo perde
Não peças demais â vida
O teu mundo é ainda imberbe
E a estrada bem comprida.

Devagar se vai ao longe
Mas caminha com cuidado
Tal qual aquele monge
Que se apoia no cajado.

Quem feio ama
Bonito lhe parece
E quem está na cama
Às tantas adormece.

Não tens cão caça com gatos
Ironia pouco viável
Mas dá corda aos sapatos
E procura ser prestável.

O que o berço não dá
Salamanca não ensina
Quando nasce coisa má
Nunca será obra-prima.

Presunção e água benta
São caprichos de mulher
Da primeira estás isenta
Mas benze-te se te aprouver.

Quem canta seu mal espanta
Quem chora seu mal aumenta
Vou rezar a uma Santa
Que me tire desta tormenta.

Vozes de burro
Não chegam ao Céu
Cheira-me a esturro
Queimei o pitéu.

Olho por olho
Dente por dente
Eu não me encolho
E sigo em frente.

Uma maçã por dia
Mantém o médico longe
Esta boa profecia
Foi-me dita por um monge.

Pela boca morre o peixe
às mãos do bom pescador
Se vem mal de que me queixe
Peço ajudas ao Senhor.

Quem canta seus males espanta
Um velho e sábio ditado
Por tal muito me encanta
Ter meus males espantado.

Por dá cá aquela palha
Nasce grande confusão
Por vezes quem mais ralha
Nem sempre tem a razão.

Dessa água não beberei
Jámais serei abstémico
Desse teu vinho provarei
Não quero ficar anémico.

Se diz: o que nasce torto
Difícilmente se endireita
E há quem esteja morto
Por não curar a maleita.

Água mole em pedra dura
Tanto bate até que fura
Água fresca também cura
As sedes da minha secura.

Casa onde não há pão
Tal como neste país
Todos ralham sem razão
Sou eu quem o diz.

Andando se faz um caminho
Desbravei o meu passo a passo
Tal como pássaro fazendo ninho
Ramo a ramo criando espaço.

A culpa morre solteira
É uma sina portuguesa
Criatura bem matreira
Jámais será presa.

Cada macaco no seu galho
Aos Artistas o seu mister
E se eleja o trabalho
Do homem ou da mulher.

Quando o mar bate na rocha
Quem se lixa é o mexilhão
Ao acender a minha tocha
Provoco um grande clarão.

A pensar morreu um burro
Mas eu penso e logo existo
Quando me cheira a esturro
Peço a ajuda de Cristo.

A curiosidade matou o gato
Como nos desenhos animados
Ficou-se a rir o rato
Já livre dos seus cuidados

Chuva no nabal
E sol na eira
Tudo irá mal
De outra maneira.

Olho por olho
Dente por dente
A um zarolho
Ofereço um pente.

Casa onde não hã pão
Todos ralham sem razão
Uma má governação
Dá cabo desta Nação.

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