Quantos processos por julgar,
Aguardam no pó das estantes,
Numa indiferença sem par
E de más sequências constantes?
Esquecidos, os de passado distante,
Analisando a miséria contemporânea
Se constata uma apatia reinante,
Aliada, à fraude consentânea.
Assim de repente e sem escala,
Alguns dos que temos em memória
E a corja de autores cala
Mas que ficarão na História:
Estádios de futebol, ao mosquêdo.
Encargos asfixiantes, a cargo
Dos que participaram no folguedo
Ou só lhes aguentam o fardo.
Autoestradas de longas pistas,
Ladeando campos sem culturas.
O tráfego, longe das vistas.
Nem condutores nem penduras!
Se arrancaram oliveiras, vinhedos,
A troco de trinta dinheiros
Num esbanjar de brinquedos,
Sepultando donos vinhateiros.
Os arrastões de alto mar,
Bacalhoeiros das escandinávias,
Todas as frotas a naufragar,
Vistas do alto das gáveas...
Indústrias, do textil e dos aços,
Cada uma no seu desmontar,
Reduzidas ou em pedaços
Sem motivos de que orgulhar.
Edifícios de imponente construção
Revelados sem fins inerentes,
Enriquecendo quem lhes deita mão
E nós, pagando como inocentes...
Até onde levaria esta descrição?
Por muito que ela atormente,
Deixo testamento à vossa imaginação:
Lhes dai eco, conforme a mente!
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