A cumprir uma tradição
Vou ali, à minha aldeia.
Volto breve; e aqui estão
Hoje, "Quadras à Mão Cheia"!
És como vinho decantado
De boa cepa e colheita
Deixas-me embriagado
De vontade contrafeita.
Se fores ao mar tem cautela
Ao leme da tua traineira
Na onda que a leva a ela
Irás tu de igual maneira.
Em dia de chuva, cinzento
Fico em casa sossegado
Não calo o meu desalento
P'lo contratempo forçado.
Nada nem ninguém
Deve abusar do Poder
Porque se o mesmo detém
Lhe compete bem-fazer.
As mentiras dos políticos
Poderão ser avaliadas?
Não, em estudos analíticos
Quanto mais com tabuadas.
O nada fazer no tempo
Não é do meu Evangelho
Realizo bem a contento
Esquecendo que sou velho-
Como é possível viver
Sem vida programada?
De todo se desconhecer
Qual o valor da mesada?
Nasci pobre; remediei-me
À custa de muito esforço
Por acreditar condenei-me
A viver com pele e osso.
Vestir do bom e caro
Comer do que nos sobre
Conceito assaz raro
Visão de quem é pobre.
Retorno a Balneário Municipal
Refeições na "Sopa do Sidónio"
O "filme" passa em Portugal
Intérprete o cidadão anónimo.
Regressei à minha aldeia
Lá fui "lavar a alma"
Recordações à mão cheia
Numa paz que me acalma.
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