sexta-feira, 15 de abril de 2011

É NA MADRUGADA

É na madrugada
Quando a Saudade vem
Que Ela é tão recordada
Ela, a que foi minha mãe.

No conforto do leito
Pensamentos em viagem
De mim não a enjeito;
Nunca afasto a sua imagem.

Porque foi mãe e "Santa"
No meu conceito ligeiro.
Sua bondade era tanta...
P'ra este filho, o primeiro!...


É NA MADRUGADA

Quando preenchida de emoções
A minha mente, recorda
O unir dos nossos corações...
E aí, a saudade me acorda.

Para reviver um passado
Tão distante, quase infinito
Mas que tenho preservado,
No presente e por escrito,

Em versos que te dedico
Na singeleza do meu ser;
Mas garanto e pontifico:
És, o meu bem-querer!


É na madrugada
Quando muitos dormem
Que sinto a alma lavada
Por sonhos, próprios de homem.

O meu encontro comigo
Num instante de pensamentos.
Recordar, alguém amigo...
Este ou aqueles momentos.

Entre a noite e o dia
No espaço deste instante
Revejo, com muita alegria
"Cenas", do passado distante.


É na madrugada
Que me encontro com Deus
Por saber que Alvorada
Vem dos desígnios Seus;

E lhe agradeço o dia
Ao despertar do sono
Sabendo que esta valia
Tem no Senhor, o Seu dono.

Abençoados sejamos pois,
Sem esquecer, agradecimento
Dos pares, dois-a-dois
Que acordam neste momento.


É NA MADRUGADA

Que te recordo, Amigo
Lembrando outras, bem amargas:
As que passaste comigo;
Solidários e p'las armas, camaradas.


Naquela Guiné, ardente
Difícil! De humidades e calor
Que envolviam a nossa gente
Numa luta, inútil, sem valor.

E, era nessa mesma madrugada
Quando no teu posto, atento, vigiavas
E eu, por dever te procurava
Que tu, saudoso, comigo suspiravas!...


É TAMBÉM NA MADRUGADA

Desta Primavera vigente
Que ouvindo a chilreada
Vinda de fora, bem presente
As aves, anunciam a Alvorada!

Com elas, aquela certeza
De que o Sol nos vai aquecer
E iluminará, a tua beleza
Para que eu bem a possa ver!

Depois, no calor morno, matinal
Te direi: - Bom dia amor; vamos viver!
Ou quem sabe, se por sinal,
O leito, nos continuará a reter!...


É NA MADRUGADA

E na sequência tão natural
Quando a ela, por consequência
Sucede o dia, o que é normal
A ele me junto, por inerência.

Gracejo até, pois em verdade
Meu sobrenome, plural de dia
Faz-me pensar, nesta irmandade
E julgo ser, um Ser de fantasia.

Há até, alguém espirituoso
Que refere: - Dias & Dias à boa vida!
Pois é esse, o meu estado gostoso:
Já tenho Reforma, merecida!


É AINDA NA MADRUGADA

Quando dormimos na tranquilidade
Do sono que a justos é devida
Que tu, trabalhador desta Cidade
Já vais, no rumo, da luta p'la vida.

Seja qual for a tua orofissão
Acredita! Vai para ti o pensamento
De quem lutou p'lo ganha-pão
Pois do trabalho, vinha o sustento.

Neste meu despertar, pensando,
Porquê, meu Deus? Tanta desigualdade?
Se uns de riqueza, esbanjando
O que tu, pobre, buscas por caridade?!

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