As gentes da minha terra
A quem chamam de Beirões,
De tudo, o que o bom encerra,
São acérrimos guardiões.
Nados em baixa estatura
Crescem no valor, vida fora;
Honestidade como postura,
Ajuda pronta, na hora.
Sinto orgulho, das minhas gentes
Que apesar de pouca fartura,
Em labores, bem diligentes
Tiravam pão, à terra dura.
Pão de pobreza, o centeio,
Formado, a partir do grão
Num processo de enleio,
Bem amassado, à mão.
Nos campos, o ganho da vida,
Pastorícia de permeio;
Era pequena a medida
Que lhes media o anseio.
Pé de meia, bem guardado,
No medo d'alguma doença,
Tudo à justa e recontado;
Aos pobres, pesa a diferença.
Havia também, inconformados;
Muitos houve em verdade;
Sonhadores, os mais ousados,
Partiam, rumo à Cidade.
Onde quer que ela fosse!
Até p'rá estranja abalaram...
É que o trabalho da foice,
Era dura e se fartaram.
Espalhados, Mundo fora
Com estatuto de emigrantes
Sempre à espera da sua hora
E, voltar, ao que eram antes.
Por ser Beirão, como sou,
Partilho da mesma idéia;
Apesar de estar, onde estou,
Hei-de voltar, à Minha Aldeia!
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