MENU DE LUXO
NO PARLAMENTO
Para gáudio da clientela,
Se resolveu criar tabela
Dos produtos a fornecer
Ao restaurante 5 estrelas
Que encherá, as gamelas
Dos 230, "verbos d'encher"!
Assim, só entram na despensa
Por concurso, quem o vença,
Bom bacalhau; de primeira;
Porco preto, alimentado a bolota,
Vinhos escolhidos, sem batota
De requintada garrafeira.
Todos bons e alentejanos,
Ou lá de cima, do Douro,
Selecionados por escanção.
Nas aves, pombos e rolas.
Aquelas gentes não são tolas
Querem o melhor na ração!
Todos bem alimentados
Porque ilustres deputados!
Basta de carências passadas!
Mal refinados; fraca raíz
Exigem, lebre e perdiz,
Nas refeições, bem "regadas"
Não falam em doces e frutas
Mas calculo! Aquelas "trutas",
Nunca se ficam, a perder!
Digestivos e derivados,
Quatro whiskies, afamados,
De vinte anos; tem que ser!
P'rás senhoras, oito licores!
À escolha, os sabores
Para lhes dar inspiração
Logo após, no plenário.
E creio, no imaginário,
Pouco proveitosa sessão.
Pança cheia; mente aquecida
Por tanta e boa bebida,
Quem resiste à soneira?
Mandar debates às urtigas!
Eu não juro mas faço figas
Para não ser desta maneira.
Conclusão, pouco abonatória:
Se nos jornais contam a estória,
O contraste, bem se tome:
Com o país nesta tristeza,
Sabendo "eles", da certeza,
E neste atentado à fome?
N.B. - Da garrafeira, constam:
12 marcas de Verde e 15
de Tinto.
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