No tempo glorioso das Descobertas,
Vivemos à custa da India distante;
Uma vez as portas do mar abertas,
Cumprido o belo sonho do Infante.
À rota das caras especiarias,
Pelo «mar nosso», ganhámos tempo.
Dinheiro e tantas as mais valias,
Nos deram fama e poderoso alento.
Mais tarde, também p'lo mar, foi no Brasil;
A frondosa «árvore das patacas»,
Aumentou a riqueza, em muitos mil,
A juntar, à existente, das Malacas.
Sempre a encher, o nosso rico saco,
Sem tempo para contar todos os bens!...
Mas o despautério, tão velhaco,
Foi-nos reduzindo a conta, a vinténs!
Recolhendo legado dos antigos,
Se colheram do Ultramar, bons frutos;
Nas Colónias, onde foram obtidos,
Os bons proventos, por certos polutos.
Aí, deixámos o couro e o cabelo
Nessa exemplar descolonização.
Interesse, para o país, nem vê-lo!
Antes a vergonha e humilhação.
Obras fantasiosas de fachada,
Sem préstimo; só p'ra inglês ver,
Deram à pobre Nação, endividada,
Imagem triste que queríamos esquecer.
Mau grado, a História se repete;
Nova ajuda, hoje vinda da Europa.
No presente, é mal que se comete,
Agora, com nova e vulgar «tropa».
Fandanga, com espírito de mal-dizer,
Este depreciativo valimento;
E os próprios, o que nos vieram oferecer?
Estádios, autoestradas e cimento!
Se falhou de novo e uma vez mais!
Não se investiu forte, na Cultura!
No Homem, supremo «Rei dos Animais»,
Criado por Deus, humana criatura.
E também, de novo viver à custa,
Do dinheiro tirado a pobres, no senão;
Gastos os recursos, de forma injusta,
A nós, nos vêm tirar, um parco quinhão!
Ai, Portugal! Oito séculos não bastaram
Para castigar, os tantos que nos roubaram?
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