sábado, 28 de janeiro de 2012

MINHA TERRA, MINHA GENTE

O porquinho na engorda,
Azeite guardado na talha,
Couves crescendo na horta
E, o leite se coalha;

São preparos da vida,
Vivida no antigamente:
Modesta, bem sofrida,
A vida, da pobre gente!

Os proventos, eram obtidos,
À força de braço, cansado,
Em horários bem compridos,
Desde manhã ao sol deitado;

Na fazenda ou na serra,
A simples horta, ali ao lado...
Se buscava, na mãe-terra,
Do que se tinha semeado.

Nas águas da ribeira,
Periódicas grandes lavagens!
Era uma alegre brincadeira,
Tida como boa romagem;

Por ali, a roupa branca
Se punha ao sol, a corar;
No trabalho breve tranca
Estando a mesma a secar.

O regresso, em magote!
Burricos de boa ajuda,
Todos seguindo, no mesmo trote,
"Ai , que Deus me acuda"!

Lhes acudia, o Senhor,
Dando o pão de cada dia!
Após os esforços do labor,
A ceia, lá se servia.

Lume de chão, negra panela,
Fervia a sopa e o "conduto",
Juntos, na mesma gamela
Apenas um só usufruto!

A noite chega bem cedo
Quando o sol transpõe a serra;
Fazia parte do enredo,
A reza, que a fé encerra.

Percorridas, as ladaínhas,
Beijado o terço, com devoção,
Aquelas santas alminhas,
Davam por findo, o serão.

"Prá caminha! Vamos à deita"!
Luz fraca, a da candeia...
Cada um, acamado se ajeita,
Na manta que remedeia.

À Santa da devoção
Se dedicava festa anual;
Muita alegria e oração
Na capela ancestral.

Falar das bodas? Um regalo!
Eram, de alguma fartura;
Desde o cantar do galo,
Até à noite, já escura.

E, os dias eram passados
Sempre iguais, sem ambições;
Gente honrada sem pecados,
Não tem que pedir perdões!

Sendo tantos os sacrifícios,
Tantas as carências sentidas,
Não sei que Santos Ofícios,
Deram lonjura, áquelas vidas!

Porque está cheia de velhinhos,
A minha pequena aldeia,
Vão p'ra eles, os carinhos,
Destes versos...à mão cheia!

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